A Yamaha VMax é aquele tipo de moto que dispensa apresentações e, no Brasil, virou um ícone de força, brutalidade e velocidade em retas. O primeiro modelo vendido por aqui era equipado com motor de quatro cilindros em “V”, o famoso V4, de 1.198 cm³ capaz de gerar nada menos que 140 cavalos de potência. Desde que parou de ser comercializada no País, em meados dos anos 2000, a VMax deixou saudades em muitos brasileiros. Atendendo aos pedidos dos aficionados, a anunciou durante o Salão Duas Rodas 2013 o retorno da poderosa motocicleta em sua versão atualizada ao mercado nacional.
A nova geração da VMax, apresentada ao mundo pela primeira vez em 2008, está disponível nas concessionárias Yamaha de todo o Brasil, importada, por um preço público sugerido de R$ 99.000, na cor preto fosco em seu modelo 2014. Quando sofreu as modificações, apesar de ter sido mantida a mesma arquitetura de motor V4, a máquina recebeu um propulsor de maior capacidade cúbica, com 1.679 cm³. Além disso, o tetracilindrico em “V” atual ganhou também em cavalaria e torque, o que torna a VMax ainda mais agressiva e rebelde. Uma vez que, sem controle de tração ou freios ABS, é difícil controlá-la.
Design robusto e agressivo
O novo motor veio acompanhado de uma reestilização radical. A partir daquele ano, ganhou ares de moto conceito que ressaltaram ainda mais sua robustez e agressividade. E o que mudou em relação ao modelo de 1.200 cc? O farol redondo foi substituído por outro em forma de gota e protegido por uma carenagem, enquanto os escapes receberam ponteiras duplas e ficaram mais curtos, deixando a roda traseira exposta. Já a principal característica da VMax não apenas foi mantida, como acentuada. As entradas de ar na lateral do tanque foram redesenhadas para ficar mais evidentes, mas ainda se assemelham a uma corneta e são agora de alumínio escovado.
Quase indomável
Só de olhar, a Yamaha VMax 2014 já intimida. Porte robusto, grande motor, visual agressivo. Mas, foi ao receber as instruções e especificações técnicas da moto, antes mesmo de montar sobre a máquina, que o sentimento de receio surgiu. O propulsor V4 de 1.679 cm³ é capaz de gerar impressionantes 200 cv de potência às 9.000 rpm e torque máximo de 17 kfg.m logo aos 6.500 giros. Até aí, tudo bem. Foi o fato de não contar com nenhum tipo de auxílio eletrônico, como controle de tração, mapas de motor ou freios ABS, que assustou. Aqui, a bordo da VMax, quem comanda é a experiência e habilidade do piloto.
Só o fato de apertar o botão de ignição da VMax, com seu grave ronco expelido pelas quatro ponteiras, já arrepia. Mas, foi a primeira saída com a moto que nos deixou de cabelos em pé. Acionar o manete de embreagem, engatar a primeira marcha e simular uma largada como nas pistas de corrida é uma emoção a parte. Ao subir o giro até a marca de 3.000 rpm e soltar a embreagem deslizante de uma vez só, a gigantesca roda traseira da VMax (200 mm de largura) patina sobre o asfalto, de um lado para o outro, quase arrancando pedaços dele. Engatando a segunda marcha e continuando a acelerar da mesma maneira, essa power cruiser irá queimar borracha quase até o limite do conta-giros. Só ao soltar o acelerador antes de engatar a terceira marcha que a VMax parou o “show”.
Com isso, ela deixou bem claro o que ela é: uma moto de arrancada, feita para atingir sua velocidade máxima o mais rápido possível. Durante o teste, na reta mais longa do campo de provas da Pirelli, o computador de bordo digital – completo, com idicador de marcha engatada, nível de combustível e etc – apontava 260 km/h em quinta marcha.
Por outro lado, ao sair com a VMax normalmente, o acelerador eletrônico ride-by-wire YCC-T (Yamaha Chip Controlled Throttle) entrega a potência de maneira suave e progressiva para a roda traseira por meio do eixo-cardã. Cabe ao piloto lembrar-se que se trata de uma máquina de 200cv sem controle de tração, e dosar a aceleração para cada situação.
Ciclistica
Por conta de toda sua potência e peso total (310 kg em ordem de marcha), o sistema de freios, apesar de não contar com ABS, é de ponta, digno de motos superesportivas. Na dianteira, dois discos de 320 mm são mordidos por pinças monobloco de montagem radial da Brembo com seis pistões. Enquanto isso, a roda traseira conta com disco simples de 295 mm de diâmetro e pinça Brembo de pistão único. Dentro do campo de provas da Pirelli, o conjunto de freios mostrou-se muito eficiente. Mas, após 10 voltas rápidas seguidas houve superaquecimento do conjunto, causando falhas no sistema. Portanto, leva-la ao limite não deve ser algo feito de maneira contínua.
Com 1.700 mm de entre-eixos e uma longa balança traseira, a nova VMax foi claramente desenvolvida para ter um melhor desempenho em retas. No entanto, isso não significa que a power cruiser é ruim em curvas. Para contribuir com a centralização de massa e tornar a tarefa de contornar curvas mais divertida e fácil, a Yamaha optou por colocar o tanque de combustível de 15 litros embaixo do banco do piloto. No novo modelo, que conta com chassi de alumínio e suspensão dianteira com regulagens nas três vias (compressão, retorno e pré-carga) e traseira na pré-carga, ficou muito mais fácil entrar e sair das curvas. Até a posição de pilotagem ficou mais agressiva, com as pedaleiras recuadas e com guidão avançado, deixando o condutor em posição de ataque.
No entanto, o piloto deve tomar cuidado para não ser “ejetado” da moto principalmente na saída das curvas. Com um toque mais pesado no acelerador, a VMax despeja muita força na roda traseira, fazendo com que a mesma derrape. Isso pode causar o famoso “high-side”, ou queda na saída de curva, quando o piloto acelera e a moto, sem controle de tração, exerce mais força contra o solo do que necessário, “jogando” o condutor para fora, como um genuíno cavalo bravo.
Mercado
A VMax é, definitivamente, uma motocicleta para poucos. Não só por seu preço público sugerido de R$ 99.000, mas também por suas características. Mistura de moto custom com naked e superesportiva, seus 200 cv de potência ficam na memória para sempre, já que parece capaz de arrancar os braços de pilotos desavisados. É o produto perfeito para aqueles que gostam de sair queimando borracha e preferem percorrer um trecho de reta no menor tempo possível a contornar curvas com facilidade. O consumidor dessa power cruiser da Yamaha não está interessado em conforto ou capacidade para longas viagens. O que ele quer mesmo é poder e a bordo da VMax, ele encontra, de sobra.
Especificação técnica da moto VMAX, Custom da Yamaha, com motor 4 cilindros em V, refrigeração líquida, 4 tempos, DOHC, 4 válvulas, e 1.700 cc.
FICHA TÉCNICA
Motor: Motor DOHC, quatro cilíndros em “V”, de arrefecimento líquido, 16 válvulas
Capacidade cúbica: 1.679 cm³
Potência máxima: 200 cv a 9.000 rpm
Torque máximo (declarado): 17,0 kgf.m a 6.500 rpm
Câmbio: Cinco velocidades
Transmissão: Eixo-cardã
Alimentação: Injeção eletrônica
Quadro: Tipo diamond de alumínio
Suspensão dianteira: Garfo telescópico com 120 mm de curso
Suspensão traseira: Balança oscilante tipo link de 110 mm de curso
Freio dianteiro: Discos duplos de 320 mm de diâmetro mordidos por pinça Brembo de seis pistões
Freio traseiro: Disco simples de 298 mm de diâmetro e pinça Brembo de único pistão
Pneus: 120/70-18 M/C 59V (dianteira) /200/50- 18 M/C 76V (traseira)
Comprimento: 2.395 mm
Largura: 820 mm
Altura do assento: 755 mm
Distância entre-eixos: 1.700 mm
Distância do solo: 140 mm
Peso: 310 kg
Tanque de combustível: 15 litros